Costumo andar despreocupada pelas ruas... me recuso a entrar num estado de neurose profunda com medo de assaltos, balas perdidas, acidentes ou qualquer outra desgraça... a força que me guia é a certeza de que nada nem ninguém pode me separar do amor de Deus que está em Jesus... se estou viva, estou com Ele, se eu “morrer” com Ele permanecerei...QUE MARAVILHA!!!!!!!!!!!!!!!!!! Que mais posso fazer, senão viver intensamente cada instante da sagrada e misteriosa vida! É nisso que acredito e é isso que vivo 99,99% das vezes.
Lembro-me de uma vez, conversando com a diretora de uma escola onde trabalhei em Pedra de Guaratiba, que ela ficou assustada em ver que eu sempre levava meu violão para as aulas. Eu pegava 3 ônibus para ir, 3 para voltar. Me perguntou se eu não tinha medo de ser roubada. “Claro que não!” – respondi – “se eu for roubada, Deus me dá outro!” e fui contando a ela algumas coisas que vivi, sem medo algum. Aquele violão que eu carregava era barato. Deve estar uns R$ 300,00 hoje em dia. Pior o violão profissional que custa “o olho da cara” que eu, numa época em que conciliava faculdade e gravação de um cd, carregava para o Fundão pela manhã e no meado da tarde, após as aulas, saía de lá direto para o Recreio, onde era o estúdio. Saía de lá já à noite. Feliz da vida!!! Tudo de ônibus. Às vezes meu marido me buscava de carro. Eu fazia tudo na paz do Senhor! Curtia de montão!!!
Há quase 10 anos atrás dei aula à noite, das 18h às 22h, em Campo Grande. O pagamento era recebido “em mãos” e eu saía de lá tarde, com o pagamento todo dividido nos bolsos. Nunca fui assaltada, graças a Deus! Lembro-me de uma vez que o motorista do 786 não parou num ponto de ônibus em Senador Camará, porque reconheceu algumas pessoas que fizeram sinal, mas eram assaltantes. Ele foi parando, de repente arrancou com o ônibus e então explicou para os passageiros. Certamente assaltariam o ônibus. Naquela noite eu estava com todo o pagamento no bolso... agradeci tanto a Deus pelo livramento!
Assim tem sido minha vida. Seguro nas mãos de Deus e vou!!! Vou mesmo!!! Adoro andar, ver gente, conversar, conhecer, sair pelas ruas...
Engraçado é que hoje fui ao Centro, e, dentro de um ônibus na Av. Rio Branco, eu estava olhando aquela multidão de gente nas ruas, nos automóveis... fiquei pensando: cada uma delas é uma história ambulante. Quantas histórias estavam ali, diante do meu olhar... fiquei “viajando” nas expressões faciais, na forma de andar, nas roupas... ali fui prosseguindo minha viagem, observando e plenamente consciente de que gente é história. Esse pensamento predominou dentro de mim... histórias andarilhas...
Ao chegar na repartição onde fui entregar um atestado médico, a funcionária que me atendeu começou de repente a contar um pouco de sua vida com seus filhos e a forma como os educou. Vi o brilho de satisfação nos seus olhos! Fiquei ali ouvindo, ouvindo... e um atendimento que duraria 3 minutos, durou quase uns 15.
Na volta, dentro do ônibus, uma senhora que estava sentada ao meu lado, começou, do nada, a me contar parte de sua vida... e eu fiquei ali, ouvindo, ouvindo, ouvindo... ela me falou do medo que tem da violência. Então falei pra ela a forma como vejo a vida e ao final daquela conversa ela disse que gostou muito de conversar comigo. Eu também gostei de conversar com ela. Ela concordou que não vale a pena deixar de visitar amigos queridos ou de fazer qualquer outra coisa boa na vida, por medo da violência. Legal! Perguntou se eu era católica. Respondi que sou cristã de uma igreja evangélica e entreguei a ela um boletim dominical, pra ela conhecer um pouco daquele lugar tão maravilhoso!
Desci do ônibus e um senhor que eu não conheço me perguntou a hora. Peguei o celular na bolsa e lhe respondi. Ele agradeceu e disse que não é todo mundo que gosta de informar as horas e que uma vez ao perguntar a hora a uma mulher na rua, ela mandou ele comprar um relógio. Daí começou a me contar algumas experiências que viveu a partir daquele fato. Fiquei alguns minutos ouvindo aquele homem e só depois disso fui para casa.
Fiquei grata a Deus por ter tido a oportunidade de ouvir um pouco de três pessoas... um pouquinho de cada... é o que todos temos em comum... uma história vivida pra contar!
márcia 16/04/2008
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